Silvio Santos, embora não fosse fã de dar entrevistas, teve sua vida acompanhada pelo público de várias formas. No sábado, dia 17, o comunicador, uma das figuras mais icônicas do país, faleceu aos 93 anos, deixando um legado imenso e uma trajetória repleta de momentos marcantes. De sua atuação na política ao carnaval, passando pelo episódio do sequestro de uma filha, o “Patrão” sempre foi notícia. Abaixo, veja alguns episódios importantes de sua vida.
Início como Camelô
Aos 14 anos, Silvio Santos começou a vender capinhas plásticas para títulos de eleitor nas ruas do Rio de Janeiro, acompanhado de seu irmão Leon. Sua habilidade como vendedor chamou a atenção e lhe rendeu um teste na Rádio Guanabara, embora o salário não fosse suficiente para deixar o trabalho de camelô. Após os 18 anos, ele trabalhou em uma rádio em Niterói e iniciou seu primeiro empreendimento oficial com um serviço de alto-falante nas barcas da Baía de Guanabara.
Mudança para São Paulo
Aos 20 anos, Silvio se mudou para São Paulo, onde começou a apresentar espetáculos e sorteios em caravanas de artistas. Na Rádio Nacional, conheceu Manoel de Nóbrega, que estava lutando para administrar o Baú da Felicidade, uma empresa de venda de brinquedos por prestações. Silvio assumiu o empreendimento, que em 1962 se transformaria no Grupo Silvio Santos, expandindo para eletrodomésticos, carros e até imóveis. Em 1969, o grupo criou o Banco PanAmericano.
Estreia na TV
A carreira de Silvio Santos na TV começou como uma forma de promover o Baú da Felicidade. Ele comprou horários na TV Paulista para exibir o programa “Vamos brincar de forca”, onde clientes do Baú participavam de um jogo da forca no estúdio. Em 2 de junho de 1963, estreou o “Programa Silvio Santos” na mesma emissora, que foi incorporada pela TV Globo em 1965. O programa passou a ser transmitido em rede nacional a partir de 1969.
Nasce o SBT
Com o sucesso na TV e nos negócios, Silvio criou sua própria emissora em 1975, inicialmente chamada TVS. Em 1981, a emissora foi renomeada para Sistema Brasileiro de Televisão (SBT) após a concessão de outros quatro canais.
Política
Em 1988, Silvio tentou se candidatar à Prefeitura de São Paulo pelo Partido da Frente Liberal (PFL), mas desistiu da candidatura. Em 1989, lançou sua candidatura à presidência pelo PMB (Partido Municipalista Brasileiro), mas o TSE cassou sua candidatura seis dias antes do primeiro turno devido a irregularidades. Em 1992, Silvio se filiou novamente ao PFL (atual DEM), mas não se candidatou. Mais recentemente, foi um dos maiores apoiadores do governo de Jair Bolsonaro.
Sequestro
Em 21 de agosto de 2001, sua filha Patrícia Abravanel foi sequestrada em São Paulo e liberada após pagamento de resgate. No dia seguinte, um dos sequestradores invadiu a casa de Silvio, que foi feito refém por mais de sete horas antes de ser libertado. O sequestrador morreu em 2002 devido a uma infecção generalizada, possivelmente resultante de maus tratos e negligência médica.
Afastamento da TV
Silvio Santos esteve afastado da TV desde o início de 2023. Ele havia se ausentado durante a pandemia de 2020 e, após um retorno em 2021, se afastou novamente após ser diagnosticado com Covid-19. Em 2022, fez algumas aparições pontuais e sua última participação em um programa gravado foi em fevereiro de 2023. Desde então, suas filhas têm comandado algumas atrações do SBT. Em junho de 2023, um especial pelos 60 anos do “Programa Silvio Santos” foi exibido sem a presença do comunicador, que assistiu de casa.
Polêmicas no Ar
Nos últimos anos, Silvio fez declarações polêmicas que foram criticadas por serem racistas, machistas e gordofóbicas. Ele foi alvo de críticas por comentários sobre cabelos crespos e por brincadeiras inadequadas com Claudia Leitte, Fernanda Lima e Lívia Andrade.
Pegadinha
Em 2003, durante uma entrevista à revista “Contigo”, Silvio brincou dizendo que tinha uma doença terminal e que havia vendido o SBT. A informação, que foi desmentida posteriormente, gerou confusão entre seus fãs e na mídia.
Carnaval
Em 2001, Silvio Santos foi homenageado pela escola de samba Tradição com o enredo “Hoje é domingo, é alegria. Vamos sorrir e cantar”. O desfile celebrou sua trajetória desde os tempos de camelô e contou com a presença de várias estrelas do SBT.
Livros
Silvio Santos é tema de várias biografias, incluindo “Silvio Santos — A trajetória do mito” (Fernando Morgado), “Silvio Santos — A biografia” (Anna Medeiros), “A fantástica história de Silvio Santos” (Arlindo Silva) e “Silvio Santos — Vida, luta e glória” (Rubens Francisco Lucchetti).
Crise Financeira
Após cinco décadas de sucesso, o Grupo Silvio Santos enfrentou uma crise em 2010, quando foi descoberto um rombo de R$ 4,3 bilhões no Banco PanAmericano. Silvio considerou vender seu império e mudar-se para os EUA, mas optou por empenhar várias empresas para saldar a dívida, focando na Jequiti, fundada em 2006. O grupo se recuperou, com faturamento de US$ 5,9 bilhões em 2013.
Ações Sociais
Desde os anos 1990, Silvio tem incentivado o Teleton, um programa anual de 24 horas transmitido pelo SBT para arrecadar fundos para a Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD). O SBT contribui com artistas, empregados e recursos para o projeto.
Saúde
Em 1988, Silvio teve problemas de voz e suspeitou de câncer na garganta, mas nunca houve confirmação. Ele tratou-se no exterior, mas os detalhes nunca foram revelados. Em agosto de 2021, foi diagnosticado com Covid-19 e internado para exames, mas teve alta no mesmo dia e se recuperou em casa.
Família
Silvio Santos, nome de nascimento Senor Abravanel, nasceu em 12 de dezembro de 1930, no Rio de Janeiro, filho de imigrantes judeus sefarditas. Ele deixou a esposa Íris Abravanel, com quem estava desde 1974 e casou em 1981, e seis filhas: Daniela, Patrícia, Rebeca e Renata, do casamento com Íris, e Cíntia e Silvia, do primeiro casamento com Maria Aparecida Vieira, que faleceu em 1977. Seus pais foram Alberto Abravanel, nascido em Tessalônica, e Rebecca Caro, nascida em Esmirna. Silvio tinha cinco irmãos: Beatriz, Perla, Sara, Leon e Henrique.