Apesar de possuir uma rara síndrome que a impede de engravidar devido à ausência do útero, a espanhola Maira Montes deu à luz com sucesso no início deste ano no Hospital Clínic, em Barcelona.
O pequeno Manuel nasceu pesando 2,9 quilos e tornou-se o segundo bebê nascido de uma mulher com transplante de útero na Espanha. O órgão transplantado para Maira veio de sua própria mãe, a avó do bebê. O outro caso ocorreu em 2023, quando uma mulher recebeu o útero da irmã.
Maira possui a síndrome de Rokitansky, uma condição que afeta uma em cada 5 mil mulheres, resultando no nascimento sem útero e má formação no canal vaginal.
O transplante foi realizado em 2022 e foi liderado pelos especialistas Francisco Carmona e Antonio Alcaraz. O procedimento utilizou tecnologia de ponta, incluindo um exoscópio de alta definição capaz de ampliar e manter a qualidade das imagens.
Dois meses após o transplante, Maira menstruou, e os médicos iniciaram o processo de fertilização. A gravidez ocorreu sem complicações. A decisão de realizar o parto por cesariana foi tomada para reduzir os riscos associados ao parto natural após o transplante.
“Essa cirurgia é uma das mais complexas que existem, e demonstramos não uma, mas duas vezes, que somos capazes de fazê-la com bons resultados”, destacou Alcaraz, chefe do Serviço de Urologia e Transplante Renal do hospital.
Transplante de úteros
Em todo o mundo, ocorreram mais de 50 transplantes de útero desde 2013, quando a equipe de Mats Brännström, do Hospital Universitário Sahlgrenska da Universidade de Gotemburgo, na Suécia, realizou o primeiro procedimento, culminando no nascimento de um bebê em 2014.