Quem nunca cantou junto a “Aqueles Tempos”, tema de abertura do quadro Show de Calouros, que atire o primeiro aviãozinho de dinheiro. Esse hit, associado à animação e à era de ouro dos programas de auditório, é um dos temas mais icônicos da TV brasileira. No entanto, a história dessa música é muito mais antiga do que a do dono do Baú da Felicidade.
A contagiante melodia que consagrou Pedro de Lara, Aracy de Almeida, Sérgio Malandro, Sônia Lima e outros, foi criada há quase um século na extinta União Soviética. O sucesso retornou no final dos anos 1960, quando a britânica Mary Hopkin a repaginou. A música, famosa na Europa e nos Estados Unidos, ganhou uma versão brasileira na voz de Joelma (não a do Calypso), que se tornou um sucesso nas rádios brasileiras e inspirou Silvio Santos.
A versão original de “Aqueles Tempos” é conhecida como “Dorogoj Dlinnoju” (traduzida como “Pela Longa Estrada”). Com influências folclóricas, foi composta nos anos 1920 pelo russo Boris Fomin (1900-1948) e contou com letra do poeta Konstantin Podrevsky (1888-1930), abordando o idealismo romântico da juventude. A canção fez sucesso na União Soviética, mas foi banida a partir de 1929 por ser considerada antirrevolucionária.
“Those Were the Days” ganhou destaque no Brasil com a versão em português de Joelma Giro, adaptada por Fred Jorge (1928-1994), conhecido por trazer grandes sucessos internacionais ao Brasil. Com uma introdução de balalaika, “Aqueles Tempos” foi lançada em compacto simples em dezembro de 1968 e no LP “Casatschok” em maio de 1969.
O Show de Calouros estreou em 1977 na antiga TVS, passou pela TV Tupi e permaneceu no ar no SBT até 1996. Você pode não se lembrar de muitos candidatos das duas décadas de exibição, mas a música de abertura certamente está gravada na memória de muitos. Inspirada na versão de Joelma, a versão marchinha de Silvio Santos, adaptada pelo maestro Zezinho (1931-2010), se tornou um marco da televisão brasileira.
O quadro Show de Calouros, exibido dentro do Programa Silvio Santos, era inspirado em programas de rádio com calouros que eram avaliados de 0 a 10. Os participantes incluíam aspirantes a cantores, dançarinos amadores, cantores mirins e drag queens (na época chamadas de transformistas). Além das apresentações, havia quadros como “Isto é Incrível”, que mostrava proezas e imagens da natureza, e “Show do Gongo”, onde calouros reproduziam vídeos de concorrentes americanos, com piadas contadas por Ari Toledo.
Inicialmente, o programa contava com jurados especializados, como o Maestro Zé Fernandes, a cantora Claudia Barroso e o compositor Alfredo Borba, além do jornalista Décio Piccinini. Mais tarde, Silvio incluiu amigos no júri, como Pedro de Lara, Manuel de Nóbrega, Consuelo Leandro e Wilza Carla. Silvio era conhecido por seu rigor com a produção, chamando os membros ao palco para repreendê-los. Um dos funcionários notáveis foi Valentino Guzzo, que mais tarde se tornaria o personagem Vovó Mafalda.
A partir de 1981, o elenco de jurados passou por várias mudanças, com figuras como Sérgio Mallandro, Wagner Montes, Mara Maravilha, Jorge Lafond, Sônia Abrão, Elke Maravilha e Sônia Lima. Em 1992, o programa foi renomeado para Show de Variedades.
Em 1993, houve uma reformulação significativa. Silvio Santos deixou o comando, e o programa passou a se chamar Novo Show de Calouros, com os jurados se revezando na apresentação e sendo exibido nas tardes de sábado. O formato ficou no ar até 1996. Em março de 2024, o formato foi resgatado como um quadro do Programa Silvio Santos, apresentado por Patrícia Abravanel, com jurados como Moacyr Franco, Márcia Fernandes, Victor Sarro, Aretuza Lovi, MC Ryan e Xaropinho. No entanto, Arildo Lopes, fã do canal e especialista em entretenimento, afirma que Patrícia não está aproveitando o formato da mesma forma que seu pai e não está honrando o legado de Silvio Santos, o que é uma pena.
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