Pelo sétimo ano consecutivo, Portugal registrou um aumento no número de imigrantes, com os brasileiros desempenhando novamente um papel significativo nesse crescimento.
No entanto, o elevado custo de vida e os salários relativamente baixos estão criando desafios para aqueles que buscam uma nova vida no país, levando alguns a enfrentarem a difícil situação de viver em barracas devido à incapacidade de pagar por moradia adequada. Isso é exemplificado no caso de Andreia Costa.
“O salário mínimo aqui é de 760 euros, se eu não estiver enganada. Eu costumava pagar 400 euros por um quarto. Então, imagine receber 760 euros e gastar 400 euros com moradia?”, relata Andreia. “Mas nós nos viramos. Eu tomo banho na praia quando está ensolarado ou tomo banho na casa das minhas clientes, onde faço serviços de limpeza.”
A empregada doméstica Márcia Álvaro também enfrenta desafios semelhantes: “Eu vim aqui por necessidade, porque lá eu estava pagando um valor absurdo por um quarto compartilhado, e não estava sendo vantajoso, porque eu só estava gastando dinheiro”, explica ela.
Embora a prefeitura e a Segurança Social de Portugal tenham declarado que estão cientes da situação, não foi informado se alguma assistência foi oferecida aos imigrantes.
Uma especialista em imigração destaca a importância do planejamento cuidadoso antes da mudança e da necessidade de estrutura adequada para evitar que os imigrantes se encontrem em situações difíceis.
Ela enfatiza que simplesmente sonhar em se mudar não é suficiente e que um planejamento adequado é fundamental para garantir uma transição bem-sucedida, evitando que os imigrantes acabem em situações em que não têm recursos para retornar.
Em Portugal, o número de imigrantes aumentou 25% em um ano, com os brasileiros representando quase metade desse total. No entanto, muitos enfrentam desafios para se sustentar em um país onde quase 10% da população é de estrangeiros.
A digitalização e aceleração dos processos de pedido de autorização de residência resultaram em um aumento no número de brasileiros obtendo essa autorização, com mais de 150 mil cidadãos do Brasil recebendo autorização de residência em 2023, um aumento de 36% em relação a 2022.
A atração por segurança, qualidade de vida e oportunidades para seus filhos fazem com que Portugal seja uma escolha popular para os brasileiros que buscam uma nova vida na Europa.
Durante os últimos anos, à medida que a crise econômica afetou diversas nações, Portugal emergiu como um destino atrativo para imigrantes em busca de estabilidade financeira e uma qualidade de vida melhor. No entanto, para algumas brasileiras que decidiram recomeçar suas vidas em solo português, a realidade que encontraram revelou-se desafiadora e, em muitos casos, angustiante.
Muitas dessas mulheres, que chegaram com a esperança de encontrar oportunidades de emprego e estabilidade financeira, se deparam com a dura realidade do alto custo de vida, principalmente em cidades como Lisboa. Os aluguéis em constante ascensão tornaram-se um fardo intransponível para muitas delas, dificultando o cumprimento das despesas básicas relacionadas à habitação.
Maria da Silva, uma brasileira de 32 anos, compartilhou sua experiência vivendo em uma barraca improvisada em um terreno baldio nos arredores de Lisboa. Ela expressou as dificuldades que enfrenta para encontrar moradia acessível. Ana Rodrigues, outra brasileira, também se encontra na mesma situação, apesar de trabalhar como assistente de limpeza em um hotel na capital portuguesa.
As autoridades portuguesas enfrentam desafios crescentes devido ao aumento do custo de vida e à falta de moradia acessível, especialmente nas cidades de Lisboa e Porto. Em resposta à crise habitacional, o governo tem implementado medidas para construir mais habitações de baixo custo e melhorar o acesso a programas de assistência habitacional.
Além disso, organizações não governamentais têm se mobilizado para auxiliar brasileiras e outros imigrantes que enfrentam desafios semelhantes. Elas oferecem alimentos, roupas e abrigo temporário para aqueles que não possuem residência adequada.
Embora Portugal continue sendo um destino atraente para muitos brasileiros que buscam uma vida melhor, a falta de moradia acessível é uma questão urgente. Para as brasileiras que ainda vivem em barracas nas áreas periféricas de Lisboa, a batalha por uma vida digna e habitação adequada permanece como um desafio diário.